sábado, 27 de setembro de 2008

Camilo Pessanha


Camilo Pessanha nasceu em Coimbra, 1867 e viveu em Macau durante 26 anos, local onde veio a falecer em 1926.
Foi uma pessoa marcada negativamente, devido aos seguintes factores:

* Ter nascido fora do casamento;
* Sentir-se inadaptado à sua existência;
*Ter vivido uma infância de miséria e de Dor;
* Desde a adolescência ter vivido uma vida boémia.
Segundo Fernando Pessoa, existiram três poetas mestres na Literatura Portuguesa, sendo eles:



- Antero de Quental - Poeta Filósofo; - Cesário Verde - Observa em Versos;
- Camilo Pessanha - Ensina a sentir veladamente, com suavidade.

Apaixonou-se por Ana Castro Osório, a mulher que marcou grande parte de sua poesia e que, por sua vez, não lhe correspondeu a esse amor, fazendo com que o poeta desgostoso, partisse para Macau, onde veio a ser em 1894 advogado e juíz.


Teve um livro publicado em 1920, denominado Clepsydra *, em 1920, nas edições Lusitânia, em que Ana Osório era proprietária.

[ * A clepsydra serve para medir o tempo, neste caso, a passagem da vida - aproximação da morte]

Caracterização da sua Obra Poética:


- Poeta vago e difuso;

- Possui um grande sentido abstracto;

- Sabe que a dor é tudo o que possui : " Sem ela, o coração é quase nada"

- É um poeta saudosista;

- Sente-se um inútil, que sua vida não tem sentido, tão menos a sua existência.

É um poeta do simbolismo: música, sugestão e símbolo ; expressão indirecta de ideias/sensações através de imagens ( Metáforas, Comparações), como por exemplo:

pomba = paz;
balança= justiça;
poeta= decifrador de símbolos, etc.

Pessanha sugere através de imagens inconcretas, uma variedade de sentimentos:

pessimismo, negativismo, tédio, totalismo, negativismo, desengano, egotismo, turbulência interior, morte, vazio existêncial, auto questionamento.


Violoncelo


Chorai arcadas
Do violoncelo!
Convulsionadas,
Pontes aladas
De pesadelo...


De que esvoaçam,
Brancos, os arcos...
Por baixo passam,
Se despedaçam,
No rio, os barcos.
Fundas, soluçam
Caudais de choro...
Que ruínas (ouçam)!
Se se debruçam,
Que sorvedouro!...


Trémulos astros...
Soidões lacustres...
– Lemos e mastros...
E os alabastros
Dos balaústres!
Urnas quebradas! Blocos de gelo...
-Chorai arcadas,
Despedaçadas,
Do violoncelo.
*
Bibliografia: Aulas de Literatura ;)