terça-feira, 11 de novembro de 2008

O Modernista Português

Ontem, na aula de português a minha professora disse que havia visto no fim de semana passado um programa sobre a matéria que a partir de agora iremos leccionar : O Modernismo, mais própriamente: a Mensagem de Fernando Pessoa. E fiquei com tamanho mal humor por ter perdido o programa que fui à internet ver se o encontrava. E felizmente o encontrei, está aqui:
E fiquei ainda mais louca quando anunciaram que FINALMENTE, dia 25 irão lançar o " Dicionário de Fernando Pessoa e do Modernismo Português" ! Aí sim eu quase caí da cadeira!
E fiquei ainda maaaaaais louca quando disseram que os herdeiros de Fernando Pessoa irão leiloar objectos do poeta....mas principalmente triste, porque corre-se sempre o risco de desaparecerem, afinal, existem pessoas do mundo inteiro que são fascinadas ( e com razão) por Pessoa.... Não sei, eu se fosse familiar faria de tudo para preservar os bens que restaram as sete chaves, não iam a leilão por naaaada deste mundo ! -,- Ok, fizeram cópias destes bens....mas não é a mesma coisa não é mesmo? Veremos o que irá acontecer nos próximos dias.

Eu não sei se é estupidez a minha ou não, mas quando começaram a mostrar estes objectos, a primeira edição da revista Orpheu, senti um nó enorme na garganta e aquela vontade de chorar de emoção... Enfim, passemos a frente.

Mas afinal, alguém sabe definir para mim o que é o Modernismo? Melhor ainda, o que foi o Modernismo em Portugal?


Segundo o que aprendi até agora, o Modernismo foi um movimento que associou escritores e artistas plásticos e, sei também que, Fernando Pessoa, Mário de Sá Carneiro, Almada Negreiros Amadeo de Souza Cardoso e Santa Rita, são os cinco nomes mais importantes deste movimento que começou a manifestar-se em 1913 (se não me engano) e ganhou a expressão de grupo dois anos mais tarde, com a publicação da revista Orpheu. Todos juntos tinham propósitos evidentes de agitar e mesmo de escandalizar o pacato e antiquado ambiente cultural português. A revista Orpheu só teve duas edições, pois, como já referi há tempos atrás, o pai de Mário de Sá Carneiro, deixou de patrocinar a revista. Percebem agora a minha euforia pelo facto desta revista ( na versão original) ir a leilão?!


"Os artistas, impressionados com o cepticismo social e a descrença no futuro, reagem, lançando à cara da sociedade obras cheias de sarcasmo, ironia e, muitas vezes, alguma provocação. Enveredaram por um caminho de ruptura com a tradição e as forças conservadoras, com o objectivo de redescobrir o mundo e a vida através de linguagens estéticas nunca antes experimentadas." - Livro de Português.

" Nós não somos do século de inventar palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos do século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas."

Mas as coisas não são mesmo assim? Quem é que não sente a necessidade da mudança, de novos ares, escolhas, obras, caminhos e opções? Quem é que não se farta das mentalidades ultrapassadas que algumas sociedades teimam em cultivar? Quem é que não sente a necessidade de revolucionar o (seu) mundo, de sacudir o tapete e lançar pela janela todos os podres de uma época? Eu, particularmente, trago esta "loucura" dentro de mim, esta necessidade de reviravolta, de emoção, de deixar as pessoas de bocas e olhos abertos perante os meus actos, sejam eles positivos ou negativos.

É dito nesta reportagem que, nos anos 40 quem lia Fernando Pessoa ( que era considerado um louco), era igualmente visto como louco, tal como o poeta. Achei graça quando ouvi isto, não foi surpresa nenhuma, só senti uma vontade enorme de ter nascido nos inícios dos anos 30....

O homem foi considerado louco por ter outra mentalidade, por tentar abrir os olhos daquela sociedade retrógrada, por atrever-se a escrever o que todos pensavam, mas ninguém tinha coragem suficiente para dizer. E quantos loucos destes já não existiram no mundo? E quanto mais loucos destes estão entre nós? E quantos mais loucos morrerão infelizes e largados pelos outros, tal como foi Camões, Pessanha, Fernando Pessoa, Sá Carneiro, entre tantos outros....

Mas o que é a loucura afinal? Ser louco não é justamente não ansear a mudança? Não possuir um espírito lutador e heróico? Ser-se louco não é justamente permanecer alienado do mundo, preso no passado, sem vontade de construir um futuro melhor? Quem é o louco que não deseja o melhor para o seu país? Para a sua família, para si mesmo?

Santa Rita..... morreu aos 27 anos de idade.... pintor, impulsionador do Futurismo em Portugal....da sua obra quase nada resta, por ter sido destruída pela sua família.
Acho que não se precisa pensar muito para se saber o motivo.
Acho interessante.....grandes pensadores, poetas, escritores portugueses, enfim, grande parte deles ou morreram de tuberculose ou morreram de desgosto.Tuberculose, acho absolutamente compreensível, pois não havia tratamento possível.....agora de desgosto? Quantos deles precisaram ser lançados ao lixo, para a sociedade ter aberto os olhos? Quantos mais serão?

Camões nos indagava nos Lusíadas, perguntando-nos que jovens é que se atreveriam a tornarem-se escritores, se nem ele, que era quem era, teve o seu devido reconhecimento, se foi um autêntico estrangeiro dentro do seu próprio país... Perguntava-se sobre a cultura, aonde estava o gosto pelos livros, pela escrita e pela leitura.... Dizia ele que para se ser Herói tínhamos que IR À LUTA, e que nada nos valia permanecermos encobertos pelos "grandes nomes, nomes de prestígio" de familiares nossos, se nada fizemos para conquistarmos algo pelas nossas mãos... EU CONCORDO COMPLETAMENTE.


Tenho dito, pombas!